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Os 645 secretários municipais de Saúde do estado de São Paulo receberão um link, através de e-mail ou via o apoiador do COSEMS/SP de sua respectiva região, para responder à pesquisa: “Enfrentamento da pandemia de COVID-19: produções, invenções e desafios na gestão do cuidado em rede”. O objetivo é analisar as produções, invenções e desafios na gestão do cuidado implementadas pelas redes de atenção à saúde no Estado de São Paulo para o enfrentamento da pandemia da COVID-19, com ênfase na atenção básica, e apresentar proposições que possam aprimorar a capacidade de resposta do SUS.
A pesquisa, foi desenvolvida pela Universidade Federal de São Paulo em parceira com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e o COSEMS/SP. Participam ainda do estudo o Instituto Universitário de Lisboa, a Universidade Nova de Lisboa e a Faculdade de Saúde Pública (USP).
O coordenador da pesquisa é o Prof. Dr. Arthur Chioro, ex-gestor municipal, ex-presidente do COSEMS/SP e ex-ministro da Saúde, que hoje atua na UNIFESP. E por esse lugar especial na defesa do SUS que ele sempre ocupou, o convidamos para uma entrevista para falar da pesquisa e seus desafios.Participe! O protagonismo dos municípios deve ganhar um capítulo especial nessa pandemia.
COSEMS/SP – Qual o principal objetivo da pesquisa?
Chioro: A pandemia impôs aos gestores do SUS novos, imensos e complexos desafios. Portanto, se torna fundamental analisar como os gestores, nas regiões de Saúde, assumiram estes desafios.
O objetivo desta pesquisa é analisar as produções, as invenções, os desafios na gestão do cuidado que foram implementados nas Redes de Atenção à Saúde no estado de São Paulo no enfrentamento da COVID-19, com ênfase na Atenção Básica, mas com o objetivo de apresentar proposições ao final da pesquisa que possam aprimorar a capacidade de resposta do SUS frente a novos desafios que vão se impor.
Vamos olhar os 645 municípios paulistas e, em uma segunda fase, vamos aprofundar a investigação em duas regiões de saúde, o que não é possível fazer na primeira fase da pesquisa, com este universo de 645 municípios. Mas temos o compromisso de apresentar um conjunto de proposições a partir das experiências exitosas da superação das dificuldades e das inovações produzidas pelos municípios paulistas.
COSEMS/SP – Quais serão as etapas da pesquisa?
Chioro: Realizamos um pré-teste com a diretoria do COSEMS/SP para testar o instrumento, pois utilizamos um questionário que será aplicado através do ‘Google forms’, bem interativo e rápido de preencher, porém, queríamos ter a opinião de uma mostra de gestores e decidimos fazer com os próprios diretores do COSEMS/SP, os quais foram muito gentis e generosos. Nos deram contribuições para o aperfeiçoamento do instrumento para que pudesse chegar mais sólido, calibrado, e que agora será aplicado para todos os 645 municípios paulistas, além de um questionário específico, que será aplicado também com os diretores dos Departamentos Regionais de Saúde (DRS) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP)
A partir das respostas dos gestores terá início a segunda fase, onde serão escolhidas duas regiões: uma na Grande São Paulo e outra no interior paulista. As regiões escolhidas serão aquelas que tiverem trabalhos mais interessantes, as que apresentarem resultados que nos instiguem. Será uma decisão conjunta, os pesquisadores em parceria com o COSEMS/SP e Secretaria de Estado da Saúde.
Na segunda fase será feita uma pesquisa qualitativa, com entrevistas de trabalhadores, gestores, lideranças comunitárias, e também grupos focais, com outro grau de aprofundamento para identificar esses arranjos inovadores dessas produções.
Queremos analisar inovações tecnológicas produzidas pelos gestores e serviços, e até as “gambiarras” muito produtivas construídas pelas equipes. Por meio dos desafios as equipes foram construindo mudanças, jeitos, modos de cuidado e queremos interpretar, analisar, verificar quais dessas podem persistir, quais podem ser generalizadas, ou quais podem ser trocadas.
Na terceira fase, a partir de toda a análise, chegaremos a um conjunto de propostas. Logo nas primeiras análises já pudemos observar muitas coisas interessantes. A sistematização desse material será bem rica. A proposição não nasce da cabeça do pesquisador, mas a partir da avaliação do material empírico que a pesquisa vai produzir no campo.
COSEMS/SP – Qual a sua visão sobre a pandemia?
Chioro: Diria que, mesmo em contexto de enorme dificuldade, o SUS mostra uma resiliência fantástica. Uma capacidade de reinvenção, inovação, de compromisso. Claro que se tivéssemos tido uma condução interfederativa mais cooperativa solidária, menos destrutiva, de confronto, as respostas aos desafios teriam sido menos penosas.
Mesmo em situações em que o sistema é totalmente estressado ele é capaz de ressurgir das cinzas. O SUS é uma Phoenix. O que já sabemos é que esses mais de 630 mil mortes que tivemos no Brasil não aconteceram por acaso. Porém, estamos querendo olhar agora por outra lente, aquilo que foi possível ser produzido a partir dos municípios, das regiões, mesmo remando contra a maré do negacionismo federal.