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Imagem: Adam Nieścioruk, no Unsplash (gratuita/editada)
Confira abaixo a Nota Técnica do COSEMS/SP nº 18, de 2021
São Paulo, 21 de junho de 2021.
Mais de 500 mil mortes por COVID-19 no Brasil: uma realidade inaceitável!
Nesse final de semana, o Brasil registrou um número de mortes por COVID-19 totalmente inaceitável, considerando que existem medidas preventivas sabidamente conhecidas como isolamento social, o uso correto de máscaras e a vacinação em massa.
Mais de 500 mil mortes e quase 18 milhões de casos confirmados no país em um ano e quatro meses de pandemia, e chegou-se ao tão temido colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) na maioria dos Estados da federação, com explosão de casos, recordes diários de mortes, dezenas de pacientes graves, inclusive jovens, aguardando vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), já lotadas.
500 mil vidas perdidas significam 500 mil famílias de luto, pela perda de avós, pais, irmãos, filhos, cunhadas, sobrinhos e amigos! Significam dias de sofrimento de familiares das pessoas que foram a óbito, com internações prolongados em absoluto isolamento nas UTI! Intubadas, a maioria das vezes inconscientes, sem contato com seus entes queridos, mortes sem ritual do velório, que tem uma função emocional importante, e sepultamentos sem despedidas.
Desde o início da pandemia, os especialistas vêm apontando para a necessidade de medidas para diminuir ou impedir a circulação do coronavírus, e alertando para o risco do colapso do sistema de saúde, em função do número excessivo de casos graves com necessidade de internações hospitalares. Mas infelizmente não foram ouvidos pelo Governo Federal!
Até o momento, não existe um Plano Nacional de Enfrentamento da COVID-19, coordenado pelo Ministério da Saúde (MS), com diretrizes para medidas de isolamento social e critérios para lockdown nos estados e regiões, de acordo com o cenário epidemiológico da pandemia.
Além disso, caberia ao Ministério da Saúde coordenar e implantar uma efetiva política de testagem em massa, não só para confirmar diagnóstico de COVID-19, como para identificar contactantes e apoiar medidas de isolamento domiciliar. É sabido que não existe condições de isolamento social sem um forte programa de apoio financeiro e social aos mais vulneráveis, com repasse de recursos para garantia de condições dignas de vida num momento tão dramático da vida nacional.
Da mesma forma, não houve o apoio necessário para readequar e ampliar a rede assistencial, o que obrigou os municípios a difícil tarefa de substituir a ação federal na organização das ações assistenciais e de controle ao novo coronavírus em seus territórios.
Por outro lado, as ações de coordenação de enfrentamento da COVID-19 por parte do Governo do Estado de São Paulo estão muito aquém das recomendações da comunidade científica e das necessidades de apoio aos municípios e na atenção à imensa população do estado. As medidas do Plano São Paulo têm sido pífias, particularmente em 2021.
Essas 500 mil vidas perdidas estão relacionadas também com a quantidade insuficiente de Vacinas contra COVID-19, para a população do país, visto que, enquanto a maioria dos países do mundo buscou mecanismos em 2020 para compra de vacinas em caráter emergencial, o Governo Federal ficou absolutamente paralisado, fazendo com que o Brasil seja hoje um dos países mais atrasados na vacinação da população.
O Brasil conta com um Programa Nacional de Imunização (PNI) há mais de 40 anos que, através dos municípios, teria condições de vacinar milhões de pessoas por dia, como já fez em campanhas de vacinação anteriores, graças à capilaridade do SUS.
O Estado de São Paulo, com cerca de 5.000 salas de Vacinas, distribuídos em 4.800 Unidades Básicas de Saúde (UBS) presentes nos 645 municípios paulistas, tem toda a capacidade de oferecer a vacina de forma ágil para a população. Mas faltam vacinas pela incapacidade de negociação do MS de comprar e distribuir vacinas.
Falta coordenação nacional, uma vez que o PNI não consegue dar as respostas que deveria e no tempo necessário. O Estado de São Paulo, por sua vez, decidiu atuar com sistema de informação próprio, o VaciVida, cujos relatórios são de difícil manejo para os gestores municipais se apropriarem das informações e fazerem o monitoramento e a gestão da campanha no seu território.
As informações sobre entrega de vacinas pelo MS para o Estado de São Paulo e o quantitativo de doses efetivamente recebidas pelos municípios para os grupos prioritários são desencontradas, dificultando o trabalho cotidiano no município. A morosidade na vacinação é resultado do número insuficiente de vacinas, mas também da falta de coordenação nacional e estadual da campanha de vacinação.
Diante deste quadro, os municípios paulistas e o COSEMS/SP continuarão lutando obstinadamente para salvar vidas, reivindicando que os Governos federal estadual cumpram seu papel, e que todos os esforços sejam feitos para diminuir a circulação do vírus e o número de casos e de óbitos.
É inaceitável 500 mil óbitos por COVID-19! Não podemos olhar esses números sem um profundo sentimento de indignação e dor. Não podemos olhar essas vidas perdidas e não nos manifestarmos.
COSEMS/SP
Acesse aqui o PDF – NT 18.2021_Mais de 500 mil mortes no Brasil (003)vale esse