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A sífilis materno-infantil é uma condição que ocorre quando a sífilis, uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, é transmitida da mãe para o bebê. É uma condição de saúde pública que, embora evitável, continua sendo um desafio, especialmente no que diz respeito ao diagnóstico precoce, tratamento adequado e adesão às consultas de pré-natal (Brasil [s.d.]). A unidade de saúde do Jardim Europa, localizada no interior do estado de São Paulo, tem realizado um acompanhamento ativo de gestantes, com foco na prevenção da transmissão vertical de doenças. Este relato visa apresentar a experiência da unidade no enfrentamento da sífilis materno-infantil, abordando as estratégias adotadas, os resultados alcançados e os desafios encontrados. Justifica-se a necessidade de recursos para garantir que o acompanhamento dessas gestantes seja eficiente e permita a prevenção de doenças transmissíveis em tempo hábil. Para isso, a unidade de saúde desenvolveu uma ficha, onde é possível acompanhar o número de consultas realizadas pela equipe multidisciplinar; número de realização de ultrassom obstétrico; informações da gestação como data da abertura do pré-natal, data da última menstruação, data provável do parto, paridade, idade gestacional, identificação de gestação de alto risco; bem como, o acompanhamento da sífilis gestacional monitorando o tratamento e controle dos testes não treponêmicos mensais, tanto da gestante quanto do parceiro.
Objetivo Geral: Elaborar uma ficha de acompanhamento para gestantes, visando otimizar o controle dos dados e o acompanhamento dos casos de sífilis gestacional na Unidade de Saúde do Jardim Europa. Objetivos Específicos: 1. Descrever as ações da Unidade de Saúde do Jardim Europa no manejo da sífilis materno-infantil. 2. Identificar as dificuldades encontradas pela equipe de saúde no acompanhamento das gestantes durante o período pré-natal.
Trata-se de estudo descritivo, tendo como unidade de análise o sistema integrado de informação SIGSS/MV do município de Bauru, a partir da análise dos dados de 66 gestantes atendidas na unidade de saúde do Jardim Europa, todas em acompanhamento de pré-natal até a presente data. O monitoramento iniciou-se na abertura do pré-natal e tem a sua finalização na resolução da gestação (aborto/parto), com especial atenção à realização de testes de sífilis logo no início do atendimento. Na fase de elaboração da ficha de acompanhamento para gestantes, estabeleceu-se os principais desafios relacionados à sífilis gestacional. Em seguida, discutiu-se entre as enfermeiras da unidade os itens necessários para o levantamento das informações para acompanhamento assíduo das gestantes. Realizou-se diagnóstico situacional com definição do fluxo das gestantes, dos registros de atendimentos médicos, exames laboratoriais e ultrassom obstétrico, das limitações do controle das consultas de pré-natal com a equipe multidisciplinar, bem como as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde. Além disso, também contemplou a adesão ao tratamento e as ações de busca ativa realizadas pela equipe de saúde da unidade para assegurar a continuidade do cuidado às gestantes diagnosticadas com sífilis. Assim, a ficha para acompanhamento das gestantes foi testada com sucesso, permitindo o monitoramento contínuo e eficaz do uso, além do controle adequado da sífilis gestacional.
No total, 66 gestantes foram monitoradas durante o acompanhamento de pré-natal. Destas, seis gestantes (10%) foram diagnosticadas com sífilis durante a primeira consulta. Entre as gestantes diagnosticadas, quatro (67%) completaram o tratamento de forma satisfatória, mantendo o acompanhamento mensal para monitoramento da titulação da sífilis por meio de testes não treponêmicos. No entanto, duas gestantes (33%) não completaram o tratamento devido a dificuldades na adesão às consultas de pré-natal. Essas gestantes apresentaram dificuldades em retornar para os atendimentos programados, o que prejudicou a continuidade do tratamento. Em resposta a essa situação, a equipe de saúde implementou ações de busca ativa, incluindo visitas domiciliares e orientações detalhadas sobre a importância da continuidade do tratamento para prevenir complicações tanto para a gestante quanto para o bebê. Apesar das dificuldades encontradas, as estratégias de acompanhamento contínuo e sensibilização demonstraram ser essenciais para o controle da sífilis gestacional na unidade. A equipe de saúde buscou soluções para contornar a baixa adesão, oferecendo suporte direto às gestantes e reforçando a relevância da adesão ao tratamento para a saúde materno-infantil. Em resumo, o acompanhamento das gestantes com diagnóstico de sífilis foi eficaz para a grande maioria dos casos, mas a adesão ao tratamento continua a ser um desafio.
A experiência da Unidade de Saúde do Jardim Europa no enfrentamento da sífilis materno-infantil mostrou a importância de estratégias integradas de monitoramento das gestantes. A implementação da ficha de acompanhamento para gestantes se revelou uma ferramenta eficaz no registro e seguimento dos casos de sífilis gestacional. Embora os resultados tenham mostrado avanços no controle da sífilis gestacional, com a maioria das gestantes completando o tratamento de forma satisfatória, a baixa adesão de algumas mulheres às consultas de pré-natal e ao tratamento necessário continua sendo um desafio significativo. A equipe de saúde da unidade tem adotado ações de busca ativa, como visitas domiciliares, com o intuito de superar esse obstáculo e assegurar que todas as gestantes recebam os cuidados necessários. Ainda assim, para garantir a eficácia das ações, é fundamental que recursos adicionais sejam alocados, possibilitando uma maior adesão e eficácia nos cuidados. Por fim, a experiência relatada pode servir como modelo para outras unidades de saúde, demonstrando que, com o uso de ferramentas adequadas e estratégias de acompanhamento eficazes, é possível avançar no controle da sífilis materno-infantil e na promoção da saúde pública.
Atenção Básica, Saúde materno-infantil, Sífilis
GISELE LEITE, KELLY CRISTINA MAIO DE SOUZA, ANA CAROLINA VIRANDA PEREIRA LOPES