Apresentação/Introdução:

Palavras Chave- reabilitação psicossocial, economia solidária, inclusão A experiência em locais de Economia solidária e saúde mental tem se mostrado fundamental para o fortalecimento do Projeto Terapêutico Singular (PTS) dos usuários, promovendo autonomia, inclusão social e geração de renda. Esses espaços oferecem oportunidades concretas de convivência estimulando habilidades, resgatando a autoestima, e favorecendo inclusive, o desenvolvimento de novas competências. No contexto da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município de Diadema, tais iniciativas contribuem para a desinstitucionalização e para o cuidado integral, ampliando as possibilidades de reinserção social e fortalecendo os vínculos comunitários. Além disso, a economia solidária propicia um ambiente acolhedor e colaborativo, onde o protagonismo dos usuários é valorizado, permitindo a construção de novos caminhos para vida, baseados no respeito, na dignidade e na promoção da cidadania plena. Funcionando desde meados de 2021, no bairro Campanário, na zona norte do município de Diadema, o Espaço Colmeia é um serviço dedicado à convivência, inclusão social, solidariedade e geração de trabalho e renda. O espaço acolhe e integra empreendimentos solidários, fortalecendo as redes de apoio comunitário e ampliando as oportunidades para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Objetivos:

oferecer oportunidades de convivência estimulando habilidades, resgatando a autoestima, e favorecendo inclusive, o desenvolvimento de novas competências

Metologia:

O Espaço Colmeia está alinhado com os princípios da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica, atuando como um dispositivo para potencializar a autonomia das pessoas e enfrentar as vulnerabilidades às quais foram historicamente submetidas, especialmente aquelas com sofrimento mental grave. Além de atender pessoas em acompanhamento na RAPS nos seus diversos níveis, o Espaço Colmeia também acolhe suas famílias e outras pessoas em desvantagem social do município. Sua estrutura é voltada para a produção e processos decisórios coletivos, considerando vivências individuais e comunitárias na escolha, elaboração e implementação de novos produtos e rotinas das atividades. Neste contexto, destaca-se a experiência de uma de nossas unidades produtivas: o Cantinho do Café, um exemplo vivo de como uma atenção centrada nas necessidades, histórias de vida e potencialidades dos sujeitos pode transformar realidades. É importante destacar o trabalho intersetorial realizado pelo Cantinho do Café, em parceria com diferentes secretarias municipais. Entre as parcerias, está a Secretaria de Desenvolvimento Econômico por meio da equipe técnica da Casa da Economia Solidária que oferece suporte abrange áreas essenciais como contabilidade, assessoria jurídica e orientação nutricional e a Secretaria de Segurança Alimentar, com suporte técnico para a manipulação adequada de alimentos e promove ações para reduzir o desperdício, além do suporte do Banco de alimentos com fornecimento de insumos.

Resultados:

O Cantinho do Café vai além da simples geração de renda. Ele se revela um espaço inclusivo, onde os usuários e familiares da RAPS encontram a oportunidade de desenvolver suas habilidades, ampliar sua autonomia e fortalecer seus laços sociais. A produção de biscoitos, pães artesanais, tortas, bolos e encomendas personalizadas não só garante rentabilidade, mas também se configura como uma potente ferramenta de reabilitação psicossocial, promovendo o senso de pertencimento e a autoestima. A comercialização dos produtos do Cantinho do Café ocorre por meio de parcerias estratégicas com diversas secretarias municipais, a Rede de Saúde Mental, iniciativas de economia solidária e com a própria comunidade local. Os usuários participam de forma mais autônoma e ativa possível de todas as etapas do processo, desde a compra e aquisição dos insumos, planejamento de tarefas, limpeza, higiene e organização do local de trabalho, até a produção, precificação, vendas e partilha. No momento da partilha, é realizada uma prestação de contas coletiva, onde todos os cálculos são detalhadamente explicados e registrados em um livro ata, garantindo a transparência e o envolvimento de todos no processo de gestão dos recursos. Essa prática reflete os princípios da economia solidária em consonância com a reabilitação psicossocial — promovendo a participação democrática, a corresponsabilidade e o fortalecimento dos vínculos entre os participantes e sua própria comunidade

Conclusões:

Ser testemunha dessa trajetória e participar ativamente desse processo traz uma mistura de alegria e orgulho. Alegria por perceber que, mesmo diante de tantas adversidades, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é capaz de fomentar histórias e projetos singulares de vida, especialmente para aqueles que mais precisam. O orgulho reside em ver os usuários da rede de saúde mental tão envolvidos nas tarefas, explorando o melhor de si e provando que, apesar das adversidades e vulnerabilidades, ainda têm muito vida e inventividade a oferecer. O Cantinho do Café não apenas produz delícias gastronômicas, mas também colhe frutos de esperança, autonomia e cidadania.

Palavras-chave:

reabilitação psicossocial, economia solidaria

Autores

MARTHA EMANUELA MARTINS LUTTI MORORÓ, HELOISA ELAINE DOS SANTOS