Apresentação/Introdução:

Os CAPS foram estruturados para se contrapor à lógica manicomial de cuidado, de relações, de sociedade, cujo objetivo até então era excluir os que não seguissem as normativas. Dentre os excluídos, historicamente aqueles em sofrimento psíquico foram calados e entendidos como incapazes de exercer a cidadania, estando incluídos nesse grupo as mulheres que se colocavam contra o sistema patriarcal de sociedade. O processo de transformação do cuidado oferecido nos CAPS, serviços de saúde mental de base comunitária, possibilitou a criação de iniciativas voltadas para a produção de vida, de arte, de criatividade, de ressignificação dos espaços de não convivência em espaços coletivos e, em especial, de expressão e sociabilidade. Assim iniciou o Grupo de Mulheres no CAPS Arco Íris, com o objetivo de ofertar um espaço acolhedor de trocas entre mulheres. Através do apoio mútuo, os encontros no grupo passaram a ser espaço de referência para as usuárias do serviço como garantia de segurança e cuidado com os temas trazidos.

Objetivos:

Ofertar um ambiente seguro e acolhedor, onde as mulheres possam compartilhar suas experiências, medos, conquistas e desafios, sem julgamentos.

Metologia:

Grupo de apoio mútuo destaca-se por possibilitar a troca de experiências, compartilhamento de vivências e acolhimento entre iguais. O grupo é conduzido por profissionais que orientam as discussões e atividades, buscando proporcionar um momento de escuta ativa e apoio mútuo.

Resultados:

Além do acolhimento emocional, o grupo promove o desenvolvimento de habilidades sociais e a criação de uma rede de apoio, fundamental para o processo de recuperação e ressignificação de vivências traumáticas. Ao participarem das atividades, essas mulheres fortalecem sua autonomia e empoderamento, aprendendo a lidar com suas dificuldades de maneira mais saudável. Usuárias que apresentavam importante dificuldade de vinculação com o serviço, passaram a identificar no grupo espaço seguro de cuidado. Durante os encontros, temas como autoestima, violência de gênero, maternidade, relacionamentos e autocuidado são abordados de forma aberta e inclusiva, promovendo a identificação entre si e o acolhimento mútuo.

Conclusões:

O grupo é ferramenta essencial de cuidado no SUS. Em um CAPS, percebeu-se que a grupalidade nesse grupo possibilita trocas entre as participantes que criam senso de pertencimento e união. Usuárias que historicamente foram caladas, isoladas e que a sociedade – ou a família – até então impunha uma única forma de estar no mundo, o grupo tornou-se espaço em que os horizontes e possibilidades de vida se abriram e multiplicaram, passando a se entender como protagonistas de suas histórias, motivo pelo qual elas escolheram o nome do grupo como “Empoderadas”.

Palavras-chave:

Mulheres, grupo, saúde mental, acolhimento

Autores

MICHELLY SEVERINO DA HORA, ALINE LOPES DE ASSUNÇÃO