Imagem: Hakan Nural, no Unsplash (gratuito)

Uma avaliação sobre a aspiração da vacina Coronavac realizada pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS/SP), com apoio do Observatório Covid-19 BR, apontou que 44,4% dos frascos analisados renderam menos que as 10 doses, preconizadas pelo Instituto Butantan, fabricante e distribuidor da vacina. A experiência contou com participação de profissionais de nove municípios.

Cada um dos nove municípios indicou uma enfermeira para se responsabilizar pela avaliação nos postos de vacinação já existentes. Foi montado um formulário para registro dos dados. A análise contou com os municípios: Araçatuba, Araraquara, Cravinhos, Descalvado, Francisco Morato, Franco da Rocha, Mogi Mirim, Santana do Parnaíba e Votorantim.

A avaliação foi realizada durante as atividades já implementadas para a Campanha de vacinação contra Covid-19 em cada um dos municípios participantes, ou seja, sem nenhuma interferência no processo de trabalho, num ambiente real de vacinação. Houve a supervisão de um profissional enfermeiro e os insumos utilizados para a aspiração foram os mesmos que já vinham sendo utilizados. Apenas um município utiliza seringas e agulhas adquiridas pelo município, os demais utilizam as enviadas pelo Ministério da Saúde (MS) e Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP).

A vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS) é realizada pelos municípios: pelas equipes de enfermagem das Unidades Básicas de Saúde (UBS), com apoio dos profissionais da Vigilância em Saúde. Cada vacina aplicada envolve um complexo processo com atribuições próprias do Programa Nacional de Imunização (PNI), do MS, do Centro de Controle de Doenças (CCD), da Secretaria de Estado da Saúde, e de cada município, responsável não só pelas campanhas de vacinação, mas também pela vacinação de rotina, em conformidade com o calendário de vacinação do SUS.

Histórico
No mês de abril de 2021 aumentou a frequência de relatos de equipes e gestores municipais de que os frascos da vacina Coronavac não estavam rendendo as 10 doses conforme indicado pelo fabricante. Frascos que anteriormente rendiam de 10 a 12 doses, em alguns locais passaram a render entre 8 e 9 doses.

Em situação de escassez de vacina contra a COVID-19 e no contexto de cobranças pelos órgãos reguladores acerca da correta utilização das doses enviadas pelo MS e SES/SP, esta situação causou apreensão aos gestores municipais.
Inicialmente o COSEMS/SP reforçou a orientação aos municípios sobre a devida notificação de queixa técnica para o Centro de Vigilância Sanitária.

Com a continuidade das queixas, inclusive tendo em vista relatos de equipes que conseguiam obter 10 doses nos frascos, de acordo com volume da seringa e calibre da agulha, o COSEMS/SP, juntamente com o Observatório Covid19BR, realizou um trabalho de análise com as condições em campo para verificar quantas doses os frascos apresentam de acordo com os insumos utilizados.

Em 05 de março de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) concedeu autorização ao Instituto Butantan para reduzir volume do frasco multidoses (10 doses) da vacina Coronavac de 6,2 ml para 5,7 ml. Desde então, as equipes de vacinação passaram a relatar queda de rendimento dos frascos, com muitos rendendo menos que 10 doses, como já indicado acima.

Diante do resultado da avaliação, o COSEMS/SP comunicou formalmente ao Secretário de Estado da saúde e ao Diretor do Instituto Butantan, solicitando providências, com o objetivo de sanar este problema o mais rápido possível, pois o número menor de doses influencia diretamente nas aplicações das vacinas nas unidades de Saúde.

Confira abaixo a avaliação completa, com as agulhas e seringas utilizadas nos serviços de Saúde que participaram da avaliação – Relatório Aspiração Vacina Coronavac Maio2021