A pandemia de COVID-19 impactou diretamente os serviços de Saúde em todo o mundo. Um vírus conhecido, porém, que exigiu novas estratégias de prevenção, atenção e tratamento. No decorrer deste surto foram observadas, em diversas pessoas que se recuperaram da doença, sequelas que demandam cuidados por parte dos profissionais da Saúde.

Neste sentido, em abril deste ano, com a crescente entrega de encaminhamentos e procura dos pacientes pela reabilitação fisioterapêutica, a Residência Multiprofissional Centro Universitário de Adamantina (UNIFAI), criou o Projeto Novo Respirar, que consiste em intervenção Multiprofissional para auxiliar na reabilitação dos pacientes pós COVID-19.

O Projeto atende pacientes do município de Adamantina (SP) que tiveram RT-PCR positivo para a COVID-19 e apresentam queixa cardiorrespiratória e/ou de funcionalidade após internação hospitalar e/ou isolamento domiciliar e que possuem encaminhamento médico para a Reabilitação pós COVID-19, na realidade do município, sempre prescrito para a Fisioterapia.

O projeto
É realizado uma triagem para a prioridade do atendimento, seguindo a demanda. Os dados são inseridos em uma planilha salva no Google Drive, com acesso aos profissionais atuantes na Estratégias Saúde da Família (ESF), a Central COVID e os residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva e Atenção Básica.

Prioridade para o atendimento –Triagem
• Internação hospitalar – UTI, intubação;
• Internação hospitalar – enfermaria, uso de oxigênioterapia;
• Complicações (IAM, AVC…);
• Tempo de internação;
• Idade;
• Isolamento domiciliar;
• Sem início de tratamento fisioterapêutico;
• Sintomatologia após a alta (“Síndrome pós COVID-19”).

Atualmente a Residência Multiprofissional é composta por 10 profissionais, sendo duas equipes R1, além de duas equipes R2. Os atendimentos acontecem no Centro Integrado de Saúde (CIS), três dias à tarde e três dias à noite.

Atendimento
O atendimento acontece com as atividades das três profissões atuantes da Residência Multiprofissional da UNIFAI: Enfermagem, Fisioterapia e Nutrição.

As condutas são individuais em cada área, porém há sempre a comunicação entre a equipe, para discussão das evoluções dos pacientes. São utilizados instrumentos de coletas de dados no início e na alta do paciente.

“O paciente sai da internação com a alta médica responsável, que já contém a prescrição para a Fisioterapia Respiratória e Motora Pós COVID. Como a prescrição sempre se dá a fisioterapia, o paciente imagina e/ou entende que irá receber somente os cuidados da fisioterapia, porém quando a equipe entra em contato com o paciente e quando este chega para a avaliação, é apresentado o projeto, a equipe e as estratégias de cuidados, na qual contempla o serviço multiprofissional”, explicou o Professor Mestre João Roberto Cordioli Junior, autor e coordenador do Projeto.

As principais queixas dos pacientes se baseiam em: dispneia, fadiga, fraqueza muscular generalizada, dores articulares e musculares e dor de cabeça. Sintomas que, na maioria das vezes, estão associados aos sinais clínicos de instabilidade da saturação de oxigênio, alteração da pressão arterial e da glicemia, e ansiedade.

“Percebemos que, quanto maior o tempo de internação, maiores são as perdas musculares nos pacientes. Além disso, foi identificado que pacientes que eram praticantes de atividade física tiveram menos queixas e sequelas, melhora mais rápida e consequentemente uma alta precoce”, disse Cordioli.

Para o secretário de Saúde de Adamantina, Gustavo Taniguchi Rufino, a iniciativa é de suma importância para o município: “Os pacientes pós Covid-19 estavam desassistidos em relação às sequelas deixadas por este vírus. Com este projeto conseguimos hoje dar todo acolhimento e tratamento para quem necessitar, e toda estrutura deste projeto está sendo ofertada pela Secretaria de Saúde, ou seja, 100% SUS”, ressaltou.

Até julho de 2021 já foram assistidos 34 pacientes, sendo 13 do sexo masculino e 21 do sexo feminino.