Siga a gente
Av. Angélica, 2466 - 17º Andar
Consolação - São Paulo / SP
CEP 01228-200
55 11 3083-7225
cosemssp@cosemssp.org.br
Na última reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), realizada dia 30 de junho, Adriana Ilha e Favio Goveia, do Instituto Capixaba de Ensino Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), apresentaram monitoramento referente a Fake News – desordem informacional – nas redes sociais Twitter e Telegram relacionadas à vacinação.
O COSEMS/SP entrevistou Adriana Ilha, que explicou os resultados alcançados e as estratégias que o Instituto pretende implantar para aprimorar a comunicação nas redes junto aos comunicadores em Saúde.
COSEMS/SP – Como foi realizado o monitoramento?
Adriana: O monitoramento acerca da desordem informacional nas redes sociais sobre a vacinação foi realizado no Twitter e no Telegram. O levantamento dos dados deu-se no Twitter por meio de mineração de postagens. A mineração detecta 150 palavras mais frequentes (pontos maiores) no conjunto de posts coletados e depois conecta, para cada uma dessas 150, as quinze palavras mais associadas, formando uma teia semântica que permitiu detectar as comunidades de discussão sobre os termos referente à Vacina.
Os pontos representam as palavras (os maiores, as mais frequentes); as cores indicam a comunidade que as palavras fazem parte. A coleta dos termos desta apresentação deu-se no dia 18 de outubro de 2020 (divulgação da segurança da Coronovac); 17 de janeiro de 2021 (começo da vacinação no Brasil); e 06 de junho de 2022 (quando uma nova onda de casos da Covid-19 é apontada como tendência). A ferramenta utilizada foi o Ford, desenvolvida pelos pesquisadores do Labic/UFES sob a coordenação do Professor Fábio Malini.
No Telegram trabalhamos com a coleta do dia 09 de junho (Dia Nacional da Imunização), onde a rede apresenta apenas os canais que participaram ativamente das discussões relacionadas à vacina. O dataset original foi de perfis citados na CPI das Fake News e Inquéritos do STF e aumentado via snowball, utilizando a metodologia desenvolvida pelo pesquisador Athus, do Labic/UFES.
COSEMS/SP – Como as redes, como Telegram, podem afetar à população quanto à veracidade das vacinas?
Adriana: Em nossa pesquisa, foi demonstrada que as redes, a exemplo do Telegram, a desinformação se dá pelo encaminhamento de mensagens entre canais e grupos antivacinas, com maior viralização de imagens e vídeos. De 394 canais e grupos mapeados, 108 foram analisados com 1.114.089 participantes e 14.166 mensagens em 24 horas. Estas obtiveram, me média, 6422 visualizações e 41.5 compartilhamentos por mensagem. Cujo conteúdos relacionam às vacinas, em especial da Covid-19, a efeitos colaterais e sequelas, como adoecimento por câncer, doenças degenerativas, varíola do macaco, alterações no leite materno, presença de coágulos, e toxicidade das vacinas. Colocando em suspensão seu desenvolvimento científico, sua eficácia e capacidade de imunização.
COSEMS/SP – Quais efeitos negativos nas campanhas de vacinação podem ser destacados?
Adriana: Os principais efeitos negativos das campanhas antivacinas são o negacionismo da ciência, sentimento de medo e de pânico em morrer em consequência da imunização por meio das vacinas, ou de adquirir alguma doença autoimune, ou sequelas permanentes, ou da falsa segurança de estar imunizado por já ter tido Covid-19, ou simplesmente por ter tomado uma dose ou mais sem estar com a cobertura vacinal completa, judicialização para não tomar a vacina, oposição à política de obrigatoriedade da vacinação, falta de informação sobre a imunização pelo plano vacinal e sua importância à saúde pública/coletiva x individualismo; polarização política acerca das vacinas, dentre outros.
COSEMS/SP – Qual a estratégia que blogs utilizam para “tentar” trazer certa credibilidade para propagar falsas notícias?
Adriana: Observou-se que a estética apresenta forma e conteúdo diagramado parecido com um artigo científico ou de um jornal da mídia tradicional. Entretanto, há afirmações, mas não as referências das fontes. Apresenta-se simplesmente como um fato. Alguns utilizam-se como ponto de partida de uma informação verídica para acrescentar juntamente as notícias falsas ou a desinformação.
COSEMS/SP – Qual a melhor forma de trabalhar a comunicação para aprimorar a informação a respeito das vacinas?
Adriana: Com estratégias que considerem idade, escolaridade, forma pela qual o seu público-alvo se informa, através de qual mídia e plataforma das redes sociais, streaming etc. Ou seja, a única uniformidade é a certeza da diversidade da linguagem e das ferramentas de comunicação para cada público a ser alcançado e impactado com a informação ou campanha a respeito das vacinas. É preciso uma rede de influência, de linguagem de fácil apreensão, imagens que comuniquem e vídeos que informem a pessoa analfabeta, a criança em sua fase de desenvolvimento, os adultos com distintas faixas de idade e de escolaridade. A comunicação pode ser universal, mas suas estratégias devem atender a pluralidade e diversidade do seu público-alvo, ainda mais em uma campanha, a qual deve alcançar desde a criança ao idoso.
COSEMS/SP – Como o ICEPi pretende atuar junto aos comunicadores em Saúde para qualificar o combate às Fake News?
Adriana: O ICEPi deu o primeiro passo ao criar de forma pioneira o Observatório da Saúde nas redes sociais (Observa ICEPi), em parceria com a SESA e o Labic/UFES. Sua atuação pretende contribuir junto e com os comunicadores em saúde no combate às Fake News, ao rastrear a circulação das mensagens/informações de modo a analisar os atores, discursos e as controvérsias nas plataformas digitais; identificar a opinião pública e as comunidades formadas em torno de temas e práticas de saúde; detectar padrões de comportamentos que auxiliam nas estratégias de comunicação para a saúde em plataformas digitais; e, fortalecendo, aperfeiçoando, desenvolvendo a formação dos processos de comunicação em saúde.
Confira a apresentação realizada na CIT – LABIC-ICEPi-Apresentacao-OPAS