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Qualificar a assistência na rede pública e reduzir infartos no SUS. Este é o principal objetivo do Projeto Infarto, idealizado pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), em parceria com o COSEMS/SP e Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Em desenvolvimento há 10 anos, a iniciativa tem o intuito de padronizar o socorro ao paciente infartado, definindo fluxos, métricas e validando protocolos de atendimento.
O projeto possui vertentes para profissionais de Saúde e população em geral. Para os profissionais oferece treinamento para médicos e enfermeiros dos serviços de emergência do estado, por meio da Tele ECG, quando laudos de eletrocardiograma são realizados à distância por centros de especialidade para unidades de urgência da rede SUS.
Já para a população leiga, são orientadas atividades preventivas e de detecção precoce dos riscos de doença coronariana. O projeto contará com a criação de um aplicativo, que, mediante perguntas sobre a sintomatologia do quadro, dirá se é compatível com infarto e indicará o hospital público mais próximo. O App ainda se encontra em desenvolvimento.
Segundo Antonio Claudio do Amaral Baruzzi, cardiologista e coordenador do Projeto Infarto, cerca de 30% das mortes ocorridas no estado de São Paulo têm como causa as doenças do aparelho circulatório, sendo que o infarto responde por 26% delas. “Os dados ficam ainda mais alarmantes por ser a unidade federativa mais populosa do país, com 46,6 milhões de pessoas ou 22% dos brasileiros”, destacou.
Baruzzi explicou que o cenário não é exclusividade de São Paulo ou do país: as doenças cardiovasculares são um problema de saúde pública mundial, com mais de 18 milhões de óbitos/ano. “No Brasil, as doenças cardiovasculares representam as principais causas de mortes e estima-se que até 2040 haverá aumento de 250% desses eventos, o que nos mostra que temos que arregaçar as mangas e agir. Porque infarto não tem vacina: se trata com ação”.
Nos últimos anos o COSEMS/SP reforçou constantemente as ações da SOCESP em suas redes de comunicação. São lives e cursos em diversos temas racionados a cardiopatias para orientação profissional nos sistemas públicos de Saúde.
“O COSEMS/SP acredita que o aprimoramento nos atendimentos dos profissionais da Saúde, por meio de capacitações, como a iniciativa da SOCESP, seja fundamental para o sistema público de Saúde. A aprendizagem constante é transformadora e torna-se importante processo reflexivo, qualifica o trabalho e gera resultados notáveis”, disse Geraldo Reple Sobrinho, presidente do COSEMS/SP.
De acordo com o ministério da Saúde, são realizados no país, em média, mais de 128 mil procedimentos por ano relativos ao Infarto Agudo do Miocárdio, como angioplastias, cateterismos, intervenções cirúrgicas, entre outros. O investimento, em média, nesses procedimentos é de R$ 500 milhões por ano.
Atualmente segue em processo de pactuação entre ministério da Saúde, CONASS e CONASEMS, na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), um programa de qualificação do cuidado cardiovascular, que visa o aprimoramento da qualidade assistencial na alta complexidade cardiovascular mediante avaliação de desempenho dos serviços.
Um levantamento da SOCESP com base no banco de dados do SUS apontou que entre os anos de 2008 e 2019 houve um aumento de 76,6% no número de internações por infarto nos hospitais públicos das cidades paulistas, mas com redução de 22,8% no total de óbitos.
Na separação por gênero, aumento de 71,1% nas internações masculinas, com 19,4% menos óbitos. Enquanto isso, a internação de mulheres cresceu em 86,8% e as mortes diminuíram 28%. O levantamento também aponta altas expressivas no número de internações por infarto nos hospitais da rede pública em São Paulo em todas as faixas etárias, comparando os anos de 2008 e 2019: entre 20 e 49 anos foram 37% a mais; entre 50 e 69 anos, 90% de alta e acima dos 70 anos o acréscimo foi de 76%. Todas as idades mostram queda no percentual de mortes de internados. Porém, os óbitos ainda são bastante relevantes. Para se ter uma ideia, em 2019, a cada quatro idosos com 70 anos ou mais infartados, um morreu nos hospitais do SUS de São Paulo.
Quando o estudo foca nas cidades/regiões, nota-se que quase metade dos infartos ocorrem na Grande São Paulo: do total de 28.903 internações, em 2019, 14.256 foram nesta macro região. Na Baixada Santista chama a atenção o aumento das internações entre 2008 e 2019 por ter ficado muito acima da média estadual: 194% de aumento entre os anos. Barretos foi a cidade que mais reduziu óbitos decorrentes das internações de infartados: -40,3%, enquanto Ribeirão Preto, apesar de ter registrado um número menor de internações, abaixo da média estadual, teve alta de 18,2% na relação internados x óbitos na comparação 2008-2019.